"Poor is the man whose pleasures depend on the permission of another"

11/17/2008

Zeitgeist - parte 1 - sobre a religião

Como vemos nosso mundo, nossa história, nosso futuro? Será que vemos o que é a realidade? Ou vemos o que nos permitem ver, nada mais?Para quem tem uma mente inquieta, como a minha, essas questões são inevitáveis.

Partindo do princípio: quando somos pequenos, nossos pais nos ensinam exatamente o que foi ensinado a eles: que existe um Deus (personificado na figura de um homem barbudo) que nos vigia lá do céu. Se fizermos algo errado (o que está explicado em apenas 10 regras básicas) vamos para um lugar chamado inferno, onde queimamos por toda a eternidade.

Por outro lado, se respeitarmos as regras, vamos para o lado desse cara barbudo lá no céu e seremos felizes prá sempre junto com todos nossos parentes mortos. Ah, mas sempre há uma maneira de se safar: se formos até a Igreja, contarmos tudo ao padre e comermos um pão redondinho aí estamos perdoados das coisas erradas que fizemos e podemos começar tudo de novo, como se nada tivesse acontecido.

Bom, eu devia ter uns 10 anos quando essa explicação passou a não ser o suficiente. Nesses dias, eu tinha feito minha primeira comunhão e estava estudando para a Crisma. Observando mais atentamente as escrituras, notei que em nenhum lugar dizia que Madalena era uma vadia. Que a vida de Cristo pula dos 12 aos 30, deixando mais da metade da história sem ser contada. Que era impossível que Maria e José não tivessem uma vida matrimonial normal depois que o menino, fruto de uma fecundação imaculada, nasceu; etc, etc....

Cada conversa com o padre era uma briga. Ele não conseguia me explicar pq as freiras eram tratadas como escrava dos padres e pq não celebravam missas. Pq a mulher era a culpada por todas as dores do mundo e, ainda assim ela é que tinha o poder da vida dentro de si. Eu via a figura de Nossa Senhora como a mais bela e a mais importante dentro de toda a liturgia católica e mesmo assim a mulher era reduzida a origem do pecado e tratada como um refugo da criação.

Lembro, como se fosse hoje, saindo de uma confissão quando tinha uns 10, 11 anos. O padre disse para o outro "essa aí fala que nem o Diabo". Eu ri. Como qualquer criança, achei aquilo engraçado.


Mesmo com todas estas questões em mente fui uma católica praticante até os 20 anos. Ia a missa, trabalhava pela minha paróquia, cantava no coro, dava aulas de catequese, participava de grupos de estudos litúrgicos, etc. Não renego minha formação cristã. Foi muito preciosa prá mim. Fiz amigos, ajudei pessoas, aprendi o que é compromisso e responsabilidade deste muito cedo. Principalmente, aprendi muitas coisas sobre a religião. Principalmente, desenvolvi minha curiosidade sobre o tema e minha capacidade de absorver e ir além, buscar mais informações.

Com 20 anos fui estudar Arquitetura. Claro que o grande pretexto para não ser mais tão católica era a falta de tempo. Mas a Universidade, o estudo de história da Arte e o crescimento do meu mundo, antes muito restrito, me deu uma liberdade de estudar história, de procurar entender outras crenças e principalmente, de ver que a Era Cristã (Era de Peixes) é uma pequena parte da história da espiritualidade humana. E esta história é muito rica e fascinante.

Somos privilegiados por poder voltar a ver o divino de outras maneiras, depois de tantos anos desde o início da Idade das Trevas. Somos, desde muito tempo, as primeiras gerações capazes de buscar uma visão individual de espiritualidade, que melhor fale a cada um de nós. Não sou contra Cristo, ou Buda, ou Maomé, ou Moisés. Todos eles, dentro de suas egrégoras, cumprem a função a qual se dispõe. Não sou contra o cara que disse "dê a outra face". Sou contra os caras que, em nome dele, pregam a vingança cega e a matança de pessoas inocentes.

Enfim, muito do que escrevi aqui se traduz no filme Zeitgeist (a primeira parte fala só sobre teologia judaico-cristã). Motivações religiosas e ideológicas que escondem motivações políticas e financeiras são recorrentes ao longo da história. Mas o que eu quero deixar claro, com essa pqna parte da minha história é que, assim como eu me abri a outras visões e outras percepções do que é o Divino, assim qualquer um pode fazer. Comece assistindo o filme.

Link para a versão legendada em português.

Site oficial do filme

http://zeitgeistmovie.com/

Nenhum comentário:

Comente, comente, comente!!!!

L e i a , r e f l i t a , c o m e n t e ...

Anúncios Google